Na sexta feira o A. liga-me dizendo que tinha de ir a correr para o hospital, a mãe tinha piorado. Peguei no carro e lá fomos. Fiquei ''chocada'' com o que vi, aquele corpo deitado na cama com oxigénio a 15lts, com a boca aberta e sem sentidos. O A. chamou pela mãe e nada, não teve resposta. Deitou-se sobre o corpo dela e suplicou pelo colinho e carinho. Senti o meu coração bater mais forte e as lágrimas caindo pelo meu rosto sem pedirem licença. Os médicos disseram que podia não aguentar o fim de semana. Viemos embora e rezamos para que não fosse verdade. Durante essa a noite o A. teve insónias e sentiu que ''Ele'' lhe estava a tirar a mãe, dizia que ela chamava por ele, pedia ajuda... fiz o meu melhor para o acalmar. Na manhã de sábado veio a triste e dura noticia, a mãe faleceu durante a noite... O A. desfaleceu e pediu que fosse mentira, fiquei sem saber o que fazer. A partir daí tudo mudou... No domingo foi o funeral e o A. estava de rastos e eu impotente sem saber o que fazer. Quero ajudá-lo porque não está nada bem, mas sinto-me incapaz, sinto-me inútil... Quero arranjar forças, mas já me faltam. Quando ele chora, o meu coração fica pequenino e chora também. Ontem disse-me que é muito estranho não ver a mãe e saber que nunca mais a vai ver. Eu não imagino o que ele sente, mas sei que é uma dor muito forte.
Esta vida é estúpida e injusta e esta doença vai matar-nos a todos sem dó nem piedade..
Peço a Deus que me dê força para ajudar o A. e o Pai que ficaram sozinhos...